Propaganda criminosa e com mentiras induziu aposentados a digitar o 22 nas urnas eletrônicas, como se isso valesse como prova de vida para não perderem benefícios
Com informações de Rosely Rocha, Redação CUT
Em mais uma tentativa de fraude eleitoral utilizando técnicas de fake news (notícias falsas), campanha de Bolsonaro divulgou uma peça publicitária criminosa que induziu os idosos, principalmente os a partir de 70 anos, que não são obrigados a votar, a irem até às cabines de votação e digitar o 22, número do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
A manobra constituía em fazer os idosos acreditarem que se votassem no número do presidente, isso valeria como prova de vida para os aposentados e pensionistas para que eles não perdessem seus benefícios. A ação usava de maneira mentirosa uma portaria do INSS, que passou a considerar o comprovante de votação como prova de vida para aposentados e pensionistas.
Segundo levantamento do Valor Data, quase 1 milhão de idosos a mais, entre 60 anos e 94 anos, compareceram às urnas em relação a 2018. A abstenção no primeiro turno entres os eleitores de 70 a 74 anos, caiu 5,8 pontos percentuais, chegando a 38,9% ante 44,7% em 2018.
Entre os mais jovens de 20 a 24 anos ocorreu o contrário, a abstenção chegou 23,3 % um crescimento de 2,4 pontos percentuais. O total de abstenção neste ano no país foi de 20,9% um pouco acima dos 20,3%, o que levantou suspeitas sobre a indução ao voto dos mais velhos no número 22.
A manipulação do vídeo do INSS
O vídeo divulgado dizia que: “Agora é lei. Nessas eleições, você que é aposentado ou pensionista pode fazer sua prova de vida direto nas urnas. O governo federal acabou com o deslocamento desnecessário para os beneficiários e tornou a sua vida mais fácil. Apenas o seu voto já é suficiente para garantir os benefícios do INSS, para você exercer seu direito à cidadania com menos burocracia. Pelo bem do Brasil, vote 22”.
Decisão tardia
“O vídeo em questão apresenta conteúdo produzido para desinformar, pois a mensagem transmitida induz o eleitor a acreditar ser possível realizar sua prova de vida no INSS por meio do voto no número 22, o que afeta a integridade do processo eleitoral e a própria vontade do eleitor em exercer o seu direito de voto”, disse em seu despacho a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia.
A decisão atendeu a um pedido feito em setembro, antes do primeiro turno, pela campanha da ex-candidata Simone Tebet (MDB), que apoia Lula (PT) neste segundo turno, que ocorrerá no próximo dia 30.
O problema é que a decisão da ministra do STF ocorreu há apenas uma semana, e o vídeo do INSS foi veiculado já em fevereiro deste ano. Também somente nessa sexta, o TSE divulgou por meio do Telegram que é falsa a obrigação do voto para validar a prova de vida do INSS.
A disseminação de fake news é muito mais veloz do que a atuação do Judiciário e representa prejuízos aos candidatos vítimas dessa tentativa de fraude, avalia o advogado do escritório LBS Antonio Megale, que recomenda que o eleitor sempre cheque a informação.
“Infelizmente, o Judiciário nem sempre consegue ser tão veloz como a disseminação das falsas notícias na internet. Por isso, é essencial que as pessoas verifiquem sempre o conteúdo do que replicam nas redes e denunciem rapidamente. A atuação veloz dos partidos políticos, entidades da sociedade civil e dos próprios cidadãos perante o Judiciário é também muito importante”, diz.
Atrás de Lula nas pesquisas de intenções de voto para o segundo turno e já tendo perdido no primeiro turno por mais de 6 milhões de votos, Jair Bolsonaro utiliza constantemente de fake news para induzir o eleitor a votar em sua candidatura.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil