Reunião partiu de iniciativa de metalúrgicos e químicos ainda em setembro e agora vai discutir política para o setor
Redação CNM/CUT
Trabalhadores, empresários e membros do governo federal realizaram nesta segunda-feira (27) a primeira reunião do grupo tripartite, que reúne representantes de empresas, trabalhadores e governo, que trata da cadeia produtiva do aço brasileiro. Esse encontro foi construído a partir da iniciativa da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e da Confederação Nacional dos Químicos da CUT (CNQ-CUT) durante a realização da Conferência Nacional Por Uma Mineração, Siderurgia e Metalurgia de Metais Básicos, realizada no final de setembro, no Ceará.
Nesta conferência foi elaborado um documento com 39 diretrizes para impulsionamento do setor siderúrgico e um compromisso de conversar com empresários e governo federal para alinhar interesses buscando defender o setor.
Depois disso, dirigentes da CNM/CUT visitaram então o Instituto do Aço, entidade patronal, e o gabinete do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, levando as diretrizes da Conferência.
Segundo o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, o ponto central das discussões neste primeiro encontro do grupo tripartite foi a taxação da importação do aço, medida que afeta vários setores da indústria nacional. Ele lamentou que o principal interessado no debate, o Instituto do Aço, não tenha enviado representante ao encontro.
“Várias entidades empresariais foram convidadas, e, infelizmente, o Instituto do Aço não compareceu ao encontro. Isso traz uma responsabilidade para nós da CNM/CUT que é movimentar nossa base de trabalhadores para um debate estratégico da importância que tem as empresas do aço em participar desse grupo temático”, disse o sindicalista.
Trabalhadores protagonistas
Loricardo afirma que os trabalhadores querem discutir, além da taxação do aço, a cadeia produtiva do aço, densidade produtiva, relações de trabalho e qualidade de trabalho. “Deve acontecer em janeiro uma reunião para discutir a produção nacional do aço, o conteúdo local, inclusive sobre as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”.
Para o coordenador do setor siderúrgico da CNM/CUT, Flávio Paiva, a primeira reunião do grupo tripartite foi um marco importante para os trabalhadores, que agora são reconhecidos como atores principais da construção da retomada da indústria nacional. “Estamos participando de decisões que vão mudar o rumo do desenvolvimento do país. O governo se mostrou disposto a envolver os representantes dos trabalhadores e nós da CNM/CUT estamos muito satisfeitos em poder participar e ter esse protagonismo, quando normalmente o trabalhador é deixado de lado nesse tipo de discussão.”
Também coordenador do setor siderúrgico da CNM/CUT, Fábio Piontkwski ressaltou que o governo levará em conta a existência de contrapartidas para os trabalhadores na hora de definir a questão da taxação do aço importado. “Nós precisamos construir mecanismos para avaliar dentro desse cenário global que representa o comércio exterior de aço quais são os pontos frágeis que nós temos aqui no Brasil, e que se for necessário atuar de forma pontual, nós temos que construir uma maneira de fazer isso, porém, sempre com a nossa perspectiva de que qualquer coisa que o governo ceda em favor das empresas precisa se reverter em algum benefício social aos trabalhadores”.