O desafio dos sindicatos é lutar para garantir tanto políticas públicas de educação como medidas na convenção coletiva de elevação permanente de qualificação profissional, diz dirigente da Fetquim-CUT

Quanto menor a escolaridade de um trabalhador ou trabalhadora menor é sua proteção previdenciária, revela estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), da Universidade de São Paulo (USP), feito pelos economistas Rogério Nagamine Costanzi e Carolina Fernandes dos Santos, publicado nesta segunda-feira (20) no jornal Valor Econômico.

O estudo analisou dados da Previdência Social do ano de 2019 e constatou que dos 119,2 milhões de brasileiros na faixa etária dos 20 a 59 anos, 64,6 milhões, o que equivale a 54,2% do total, não contribuíram com a previdencia social; outros 54,6 milhões, 45,8%, contribuíram.

Dos que não contribuíam 44% estavam na informalidade, 15% estavam desempregados e 40% inativos.

O estudo mostra ainda que dos trabalhadores que estudaram até o ensino fundamental somente 28,5% tinham contribuição previdenciária e 71,5% estavam sem proteção.

Já entre os que fizeram até o ensino médio, 48,4% tinham contribuição pra previdência e 51,6% não contribuíam.

Entre os que têm ensino superior, o percentual dos qe contribuíram com a previdência subiu para 66,8% contra 33,2% que não contribuiram.

Construção permanente de políticas de educação

Os dados mostram que é fundamental “lutar por políticas de educação tanto formal como profissional para todos. E o momento da Campanha Salarial e da convenção coletiva é um espaço pra isso”, afirma Airton Cano, coordenador político da Federação dos Trabalhadores do Ramo Químicos da CUT do Estado de São Paulo (Fetquim-CUT).

“Nossa campanha é sempre por direitos, saúde e mais empregos decentes sempre. E se a educação é um entrave para o trabalhador ter direitos previdenciários, o tema tem de estar na nossa pauta, ainda mais no ano em que comemoramos os 100 anos de Paulo Freire, o patrono da educação brasileira”, acrescentou o dirigente.

Golpe neoliberal cortou verbas da educação e direitos previdenciarios

“Desde o golpe de 2016 estamos perdendo direitos na educação com cortes de verbas e também  direitos previdenciários, que foi o objetivo da reforma neoliberal da Previdencia do Bolsonaro”, diz o secretário de Saúde, da Fetquim-CUT, André H. Alves.

Segundo ele, esses ataques têm prejudicado muito os trabalhadores que não puderam estudar mais e se qualificar melhor para se adequar as transformações do mundo do trabalho.

“Com o avanço das novas tecnologias e da indústria 4.0 os trabalhadores precisam ter oportunidades de elevar a escolaridade, para não perder direitos futuros na previdência e estar preparados para as mudanças no mundo do trabalho”, diz.

“Também é preciso exigir dos governos escolaridade para os informais para que possam ter proteção social”, conclui o dirigente.

*Edição: Marize Muniz
[Foto: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL]

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