Dirigentes foram ao Ministério da Indústria na segunda-feira (11) para balanço das negociações sobre os setores da indústria da entidade que estão em andamento desde o ano passado
Redação CNM/CUT
Em reunião na última segunda-feira (11) com membros do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), em Brasília, uma comitiva de dirigentes da CNM/CUT fez um balanço das negociações realizadas nos últimos meses junto ao governo federal sobre os segmentos da indústria da Confederação. Entraram em pauta as conversas em curso sobre o setor eletroeletrônico, de máquinas, do aço, setor naval e setor automotivo.
Os sindicalistas avaliaram que apesar de vários avanços nas negociações, nas quais os trabalhadores se colocaram como protagonistas na construção de políticas públicas setoriais da indústria, ainda existe um caminho longo para efetivamente garantir conquistas que melhorem a vida da companheirada no chão de fábrica, trazendo mais emprego, renda e melhores condições de trabalho.
Segundo o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, será necessário ajustar a pauta da entidade e reforçar negociações com mais atores políticos para resolver problemas que ainda dificultam a construção de políticas setoriais da indústria que favoreçam os trabalhadores.
“No segmento eletroeletrônico, por exemplo, queremos conversar com a frente parlamentar que já existe no Congresso Nacional e que hoje discute o Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays) e a nova lei de informática, que foi uma pauta colocada pelo empresariado. Queremos colocar a visão dos trabalhadores nestes debates junto ao governo e os patrões”, explicou o dirigente.
Outra preocupação da Confederação é a respeito da presença de conteúdo local nas compras governamentais. Segundo Loricardo, o governo federal pretende usar recursos públicos na compra de máquinas importadas da China, o que é negativo para geração de empregos no Brasil. “Precisamos discutir sobre qual será a posição do nosso país nesse ponto e mostrar qual é a posição dos trabalhadores, pois queremos ter mais empregos aqui e não na China”, ponderou.
A CNM/CUT pretende marcar reuniões com o Ministério da Casa Civil e com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para falar sobre a importância do conteúdo local na fabricação de máquinas, principalmente em programas de produção de máquinas e implementos agrícolas.
Segmentos naval e do aço
Presente na comitiva em Brasília, o coordenador geral dos segmentos da CNM/CUT, Juarez Estevam Ribeiro, disse que as conversas no setor naval avançaram nos últimos meses com resultados positivos para os trabalhadores, como a retomada, por exemplo, da produção de barcaças e rebocadores no estaleiro Rio Maguari, em Belém, Pará. Porém, Juarez ainda enxerga entraves para mais avanços por causa de problemas legais provocados por uma lei implantada ainda no governo Bolsonaro.
“Temos muita dificuldade para avançar na produção local no segmento naval por causa da lei conhecida como BR do Mar e, infelizmente, parece que o governo não vai alterar o texto da lei. Vamos continuar cobrando mudanças na BR do Mar, como, por exemplo, no artigo 13, que são as embarcações afretadas na cabotagem que estão no regime sem registro de importação e com suspensão total de vários tributos federais prejudicando assim a indústria naval brasileira”, relatou Juarez.
Novamente, a entidade pretende levar a pauta do conteúdo local ao Ministério da Casa Civil e BNDES, desta vez propondo uma emenda à lei da BR do Mar que garanta a participação nacional na cabotagem e mão de obra em águas brasileiras.
Um dos membros da coordenação do segmento siderúrgico da CNM/CUT, Fábio Piontkwski, afirmou que nas conversas entre trabalhadores, governo e empresários sobre os rumos do setor, existe um reconhecimento do pleito empresarial sobre a importação de aço chinês. Porém, os trabalhadores querem contrapartidas dos patrões para suas demandas, até para preservar a cadeia produtiva que vai até o setor de máquinas e de bens de capital. “É preciso encontrar um meio-termo que proteja a indústria produtora de aço nacional e que preserve a capacidade produtiva de máquinas e bens de capital”, pontuou.
Fábio avalia que a frente parlamentar em defesa da indústria do aço permite um espaço para que os trabalhadores coloquem suas pautas em evidência. “Estamos levando nossas proposições de forma mais expressiva nos debates no Congresso Nacional junto aos deputados que fazem parte da frente, e assim estabelecemos o que achamos justo dentro dos debates sobre a indústria do aço”.
Foto: Reprodução – CNM/CUT