Parlamentar avalia que regras para trabalhadoras rurais e professoras não reconhecem alta carga de trabalho dessas profissionais
[Escrito por: Wir Caetano]
“Essa é uma reforma machista”. Foi assim que o deputado federal Padre João (PT) classificou a Proposta de Emenda Constituição (PEC) 06/19 do governo de Jair Bolsonaro para reforma da Previdência Social, em palestra no Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade (Sindmon-Metal) na última sexta-feira, 31.
Ele fez esse comentário ao tratar dos itens referentes às exigências de idade mínima e tempo de contribuição para aposentadoria de mulheres do campo e professoras (CONFIRA DETALHES>>>). Esse foi um dos aspectos analisados pelo parlamentar, que discutiu detalhamente vários pontos da proposta do governo.
Padre João estabeleceu relações entre a proposta de Bolsonaro e os efeitos da reforma trabalhista realizada no governo de Michel Temer, que precarizou o mercado de trabalho. Ele disse que, frente ao cenário criado com a Lei 13.467/17 (que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT), será muito difícil trabalhadores conseguirem permanecer em empregos com a regularidade necessária para poderem contribuir com o INSS por 40 anos (tempo mínimo necessário para direito ao valor integral do benefício de aposentadoria).
Desconstitucionalização
Padre João chamou atenção para o fato de que a PEC 06/19 prevê retirar da Constituição Federal (“desconstitucionalização”) as regras que regem a Previdência Social. Dessa forma, qualquer mudança que o governo pretenda fazer no sistema previdenciário, não mais precisará ser feita por meio de Proposta de Emenda Constituição. Bastaria o uso de leis complementares, o que permitiria que alterações até drásticas fossem feitas com rapidez e pouco debate, sem passar por todas as etapas a que está sujeita uma PEC.
A desconstitucionalização facilitaria até mesmo medidas que prejudicassem pessoas já aposentadas, possibilidade, por sinal, que, como o parlamentar apontou, já existe na proposta do governo. Ele disse que mesmo quem já se aposentou não pode ficar tranquilo porque, pela PEC 06/91, o governo fica desobrigado de reajustar anualmente benefícios previdenciários de acordo com a inflação, o que comprometeria o padrão de renda desses trabalhadores e trabalhadoras.
Para o deputado, é importante que as classes populares e lideranças políticas comprometidas com justiça social lutem contra a proposta de Jair Bolsonaro, que contribui para tornar o problema da pobreza ainda mais grave no país.
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Palestra do deputado Padre João no Sindicato dos Metalúrgicos aborda impactos da reforma da Previdência