Nos anos 1980, foi formado em João Monlevade o “Grupo de Mulheres”, que teve papel ativo nas lutas dos trabalhadores e trabalhadoras.
Em entrevista ao nosso Centro de Referência e Memória do Trabalhador (Cerem) em 2007, Maria Leonides Ramos, a “Leo”, viúva de Antônio Ramos (presidente do Sindicato no período de 1987 a 1990), falou sobre a criação do grupo:
Confira trecho da matéria:
“(…) Leo lembra que sua casa era um verdadeiro “recanto para reunião”. Ela conta que, às vezes, “tinha 19 carros” de pessoas de movimentos populares e políticos em frente à sua residência. “[João Batista dos] Mares Guia, Virgílio Guimarães… virei babá desse povo todo”, diz. Mas o mais importante nessa história foi o papel que a professora Celeste Maria Semião (já entrevistada pela equipe do “Projeto Memória”) desempenhou nesse processo de encontros e reflexões.
Leo conta detalhes: “A Celeste queria o quê? Os homens avançavam nessa caminhada e as mulheres se deprimiam, se queixavam, se neurotizavam. Então, ela teve a brilhante idéia de condensar essas mulheres para um lado, trabalhando as dificuldades. Aí, veio aquela menina da Casa do Trabalhador, Regina Fazzi, para coordenar o movimento, orientar…”. Nascia o Grupo de Mulheres, cujo papel no apoio às lutas dos metalúrgicos de Monlevade e no diálogo com a comunidade foi fundamental.
Segundo Leo, o grupo acabou quando o imóvel onde se reunia, chamado “Nossa Casa”, foi fechado pelo prefeito Carlos Moreira, em seu primeiro mandato (2001-2004). “[Lá] tinha psicólogo, trabalho artesanal. Em toda cidade avançada, existe a Nossa Casa, onde as pessoas com dificuldades vão pra lá. Vou liderar o grupo de mulheres e fazer [o prefeito] voltar com Nossa Casa”, diz.