Número de trabalhadores que conseguiu emprego sem carteira assinada no setor privado, portanto sem direitos, foi o maior da série história do IBGE, e os salários encolheram 7,9% no ano

[Escrito por: Redação CUT, com informações da Agência IBGE]

A taxa de desemprego no Brasil recuou de 11,20% para 10,5% no trimestre encerrado em abril, mas ainda atinge 11,3 milhões de trabalhadores, os salários são menores e milhões foram contratados pela iniciativa privada sem carteira assinada, portanto, sem direito a férias, 13º e outros benefícios garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o IBGE, quase 39 milhões de trabalhadores estão na informalidade, o que contribui para a queda da taxa de desemprego, mas não para melhora de vida.

“Sem um projeto de retomada do crescimento com justiça social e direitos, a retomada do mercado de trabalho pós pandemia ocorre em bases ainda piores do que as registradas pré-pandemia, que já não era nenhuma maravilha”, afirmou a técnica da subseção da CUT Nacional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adriana Marcolino.

De acordo com a técnica, os dados mostram que aquelas pessoas que saíram da força de trabalho durante a fase aguda da pandemia, pela impossibilidade de sequer poder procurar uma nova oportunidade, retornaram. No entanto, ressalta, o número de pessoas ocupadas trabalhando na informalidade cresceu de 36,3 milhões para 41,2 milhões =  42,7% do total de pessoas trabalhando.

Confira os números da Pnad Contínua

Rendimento cai quase 8%

O rendimento real habitual dos trabalhadores caiu 7,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado e ficou em R$ 2.569. Segundo o IBGE, ficou estável em relação trimestre anterior.

Recorde dos sem carteira

O número de trabalhadores e trabalhadoras sem carteira assinada no setor privado atingiu a marca de 12,5 milhões, o maior da série história do IBGE iniciada em 2012. Só este ano, aumentou em 20,8% (2,2 milhões) o total de trabalhadores sem carteira.

Informalidade

A taxa de informalidade recuou para 40,1% da população ocupada (96,5 milhões de pessoas), contra 40,4% no trimestre anterior, mas ainda ficou acima da registrada no mesmo período do ano passado (39,3%). 38,7 milhões de trabalhadores brasileiros são informais.

Tralhadores por conta própria

O número de trabalhadores por conta própria (25,5 milhões de pessoas) manteve-se estável frente aos 3 meses anteriores, mas subiu 7,2% (mais 1,7 milhão de pessoas) em 1 ano.

Trabalhadores com carteira

O total de trabalhadores com carteira de trabalho assinada somaram 35,2 milhões, subindo 2% (mais 690 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 11,6% (mais 3,7 milhões) na comparação anual. Segundo o IBGE, é o maior contingente com carteira desde o trimestre encerrado em abril de 2016.

Outros números:

  • população fora da força de trabalho (64,9 milhões de pessoas) manteve-se estável em 3 meses e caiu 5,3% (menos 3,6 milhões de pessoas) na comparação anual;
  • população subutilizada foi estimada em 26,1 milhões de pessoas, queda de 6% (menos 1,7 milhões) frente ao trimestre anterior;
  • número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas somou 6,6 milhões de pessoas, um recuo de 5,3% (menos 369 mil pessoas) em 3 meses;
  • número de brasileiros em desalento (pessoas que desistiram de procurar trabalho) somou 4,5 milhões, queda de 6,4% em relação ao trimestre anterior.

Na análise que fez da pesquisa, a técnica do Dieese destacou alguns dados. O Brasil registrou 172,8 milhões de pessoas com 14 anos ou mais, distribuídas em:

  • 107,9 milhões na força de trabalho (+5,1%) – todas que estão trabalhando + quem está procurando um emprego.
  • 65 milhões fora da força de trabalho (-5,3%) – todas que não trabalham porque não precisam, ou porque estudam, ou porque são aposentados ou porque sequer tem condições para procurar um novo emprego.

“Das 9 milhões de ocupações a mais em 1 ano (saiu de 87,5 milhões para 96,5 milhões), quase 5 milhões foram ocupações informais, sem direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais”, concluiu Adriana Marcolino.

Mais informações no site do IBGE.

 Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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