Proposta foi aprovada em assembleia durante a 1ª Conferência Nacional, realizada nessa quinta-feira (19), em São Paulo
Redação CNM/CUT
Representantes dos trabalhadores e das trabalhadoras que fazem parte do Macrossetor Indústria da CUT aprovaram, na manhã dessa quinta-feira (19), resolução pedindo a criação de uma Confederação que represente conjuntamente todos os ramos industriais da Central: metalúrgicos, construção, vestuário, químicos, alimentação e energia. A proposta é fruto de uma jornada de debates sobre o tema com trabalhadores da indústria da Bahia, Santa Catarina, Paraná, Maranhão, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Mais de 300 pessoas participaram do evento, entre eles, sindicalistas, representantes do governo federal, políticos e técnicos. A resolução final agora será levada para apreciação no 14º Congresso Nacional da CUT, que teve início nessa quinta-feira (19), também em São Paulo.
Durante o encontro foi debatido o desenvolvimento social e o papel da indústria com a secretária Executiva da Casa Civil do governo federal, Miriam Belchior. Foi apresentado um diagnóstico nacional da indústria e algumas propostas para o macrossetor pelo diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior. Além disso, foi apresentado a história, trajetória, conquistas e rumos do Macrossetor da indústria.
O presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, lembrou os debates feitos nos estados para construção das pautas da Conferência e conhecimento das realidades regionais e falou da importância de ouvir as especificidades de cada região. “Fizemos bons debates na Bahia, Santa Catarina, Paraná, Maranhão, São Paulo e Rio Grande do Sul. Estamos também construindo frentes parlamentares, estruturando uma pauta nacional, e acredito que essa Conferência servirá para mostrar que temos grandes responsabilidades pela frente”.
Para o secretário-geral da CUT, Aparecido Donizeti da Silva, do setor químico, os trabalhadores querem participar da reindustrialização do país e construir um desenvolvimento a partir de seu olhar. “Queremos, por exemplo, discutir o Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), e queremos saber como serão os empregos, e se terá diversidade. Pretendemos sair daqui orientando os estados da importância da criação de uma frente parlamentar para ter uma indústria forte, para que o trabalhador tenha voz nesse espaço. Vemos a alta dos juros, com o setor financeiro e as entidades empresariais colocando seus pontos de vista no país, e os trabalhadores?” questionou Donizeti.
Coordenando o Macrossetor Indústria da CUT, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Vestuário da CUT (CNTV-CUT), Cida Trajano, enumerou os diversos desafios que o movimento sindical enfrenta neste momento. “Temos cada vez menos trabalhadores com carteira assinada que sejam sindicalizados. A nossa responsabilidade é fazer o que aproxima o sindicato da base. A gente fica dentro do Congresso falando de pautas macro, mas também precisamos de uma pauta que atenda diretamente o anseio dos trabalhadores”.
Redução de jornada sem redução de salário, já!
O presidente da CNM/CUT disse para os mais de 300 delegados e delegadas do 14º Congresso Nacional da CUT da importância de sair desta atividade com a responsabilidade de pautar a redução de jornada na sociedade. Loricardo ressaltou que isso é urgente. “Eu proponho que a gente saia daqui e faça uma campanha para defender a redução de jornada sem redução de salários porque em várias partes do mundo isso já é realidade e nós sempre fizemos debate sobre este tema. Já passou da hora de lutarmos por mais este direito”.
Governo trabalhando
Falando sobre o novo PAC, Miriam Belchior trouxe uma apresentação sobre a extensão do novo plano, falou dos primeiros meses do governo federal e abordou como o novo Plano de Aceleração do Crescimento dialoga com a luta dos trabalhadores na indústria, destacando que a interlocução com os sindicalistas pode aprofundar e melhorar.
“Estamos num ritmo de governo alucinante e já conseguimos retomar e aperfeiçoar projetos como o Bolsa Família, Mais Médicos, Minha Casa e Minha Vida. Mesmo com uma conjuntura política difícil [extrema-direita forte e Congresso conservador], colocamos muita coisa em andamento e começamos a primeira etapa de políticas fundamentais para a sociedade. Tudo aquilo que foi destruído estamos retomando para o país avançar”, declarou Miriam.
Participação dos trabalhadores
O presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil), Rafael Marques, lembrou que os trabalhadores da indústria participaram das propostas do governo federal em relação à reindustrialização com a Indústria 10+.
Ele também disse que é possível ter uma indústria como tivemos no passado, como restaurar cadeias produtivas e ainda trazer coisas novas.
“Com o novo PAC a inércia do investimento do país vai acabar. Hoje o investimento das empresas é para poupar mão de obra, automatizar processo, não com objetivo de desenvolvimento. Agora a gente começa a ver uma alça que pode potencializar esta nossa missão de reconstruir este país com uma indústria forte e geração de trabalho e renda’, destaca.
Foto: Reprodução/CNM-CUT