O sindicalismo construído pelos metalúrgicos de João Monlevade ao longo dos anos acabou por se tornar modelo para outros sindicatos. A questão é abordada na monografia “Greve de 1989: emergência do movimento operário e sindical em Itabira”, de Marcelo Pinto Coelho Moura, citado pela pesquisadora Maria Cecília de Souza Minayo no livro “De Ferro e Flexíveis”. Um exemplar dessa última obra (Editora Garamond, 2004), análise sociopolítica e antropológica da saga dos trabalhadores da Companhia Vale do Rio Doce, foi doado ao acervo do Projeto Memória agora em abril.
A monografia diz que, a partir de 1980, “[sindicalistas de Itabira] começaram a participar espontaneamente nas reuniões e assembléias em João Monlevade, movidos pelo ímpeto idealista da juventude e pela necessidade de ampliação de conhecimento sobre a conjuntura operária e sindical”.
Ao citar o estudo monográfico, Maria Cecília complementa: “o próprio ex-presidente do sindicato [Metabase, representante dos empregados da Vale], que liderou a greve de 1989, comenta que, depois da jornada de trabalho, ia para Monlevade com um companheiro assistir às assembléias, aprender e criar vínculos, estando presentes nas épocas de acordo coletivo dos metalúrgicos da Companhia Belgo-Mineira”.
Além da referência à monografia, a pesquisadora lembra a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1983, e destaca que “na primeira Direção Executiva Nacional da CUT, encontra-se, como representante dos trabalhadores de Minas Gerais, João Paulo Pires de Vasconcelos, secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de Monlevade, que tanta influência teria no novo momento histórico vivido pelo sindicato Metabase de Itabira”.