Maria Eugência de Souza, fundadora da Associação das Profissionais Domésticas e Lavadeiras de João Monlevade, foi homenageada pelo Sindmon-Metal em 2009

[Escrito por: Wir Caetano/Sindmon-Metal]

Dona Preta durante homenagem no “Miss Afro”, em 2009 [Foto: Wir Caetano/Acervo Cerem]
Morreu na manhã desta quarta-feira (14), Marina Eugênia de Souza, a “Dona Preta”, que tem uma longa história de engajamento nos movimentos sociais. Ela, que estava hospitalizada há alguns dias por complicações decorrentes de diabetes, foi a fundadora, em 1982, da Associação das Lavadeiras de João Monlevade, que mais tarde se transformaria na Associação das Profissionais Domésticas e Lavadeiras.

Em 2009, Dona Preta, então com 68 anos, recebeu do Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade (Sindmon-Metal), o diploma “Beleza de História”. A honraria foi uma homenagem conjunta com a prefeitura do município (gestão de Gustavo Prandini), durante a 9ª edição do Miss Afro Monlevade, evento realizado por Anselmo de Oliveira.

Trajetória

Nascida na área rural de Alvinópolis, perdeu a mãe, vítima de febre amarela, quando tinha 1 ano de idade e, sete anos depois, ficou órfã também de pai. Aos 9, ela começou a trabalhar como empregada doméstica, atividade que manteve ao longo da vida.

Dona Preta mudou-se para João Monlevade em 1960 e seu espírito atuante e combativo construiu uma história na comunidade.

Ainda nos anos 70, engajou-se nos movimentos populares, trabalhando em Comunidades Eclesiais de Base, na Pastoral Operária e na Pastoral da Mulher. Integrou a primeira diretoria da Fundação Casa do Trabalhador.

Em 1980, foi participante ativa do histórico “Encontro de Monlevade”, que daria origem à Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais (Anampos), berço da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT).

Como presidente da Associação das Profissionais Domésticas e Lavadeiras. esteve à frente da mobilização por melhores condições de vida e trabalho e contribuiu para que direitos fundamentais da categoria fossem garantidos na Constituição Federal de 1988.

Integrante do chamado “Grupo de Mulheres”, nos anos 1980, Dona Preta tem sua história associada também ao apoio às lutas dos metalúrgicos de Monlevade.

Em 1988, tornou-se a primeira vereadora negra e doméstica no país, eleita pelo PT. Em seu mandato, se empenhou pela criação do Conselho da Mulher e da Lavanderia Comunitária.

Em 1992, ela foi uma das 40 personagens retratadas no livro “Mulheres Negras Mudando Minas”, organizado pela fotógrafa Eliane Torino, de Belo Horizonte.

Sepultamento

Velado no Velório Municipal de João Monlevade, o corpo será sepultado às 17h, no Cemitério de Carneirinhos.

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